" É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã... por que se vocês parar... pra pensar... na verdade não há..."
Renato Russo

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Inclusão Escolar – O que é? Por quê? Como fazer?

MANTOAN, M.T.E.
RESUMO DA OBRA

A obra é dividida em três capítulos, separados em treze subcapítulos, mais a apresentação e as considerações finais.
Na apresentação a autora relata algumas passagens da sua vida profissional e a sua luta pela educação inclusiva. Fala do que pensa sobre educação, e como é seu pensamento referente a ensinar e aprender. A autora convida o leitor a pensar “sobre problemas, questões, dúvidas que carrego no dia-a-dia de trabalho e de compartilhar bons momentos, sucessos e também meus sonhos.”
Ainda na apresentação a autora faz diversos questionamentos a respeito da educação, como: “Como estão hoje as nossas escolas?”; “Em que nos apegamos para nos sustentar nesta crise?”; “Será que todos temos consciência dela?”; “E do nosso papel, para mantê-la ou revertê-la?”; “O que nos tem guiado para não perdermos o norte da nossa trajetória?”. Essas questões nos faz refletir sobre o papel do educador na escola atual. Um educador que luta pelos seus ideais educacionais e que reaprender constantemente, a fim de tornar a educação algo que seja do alcance de todos, ao contrário do que acontece. Uma educação que não seja excludente e que não queira categorizar os alunos como “bons” ou “maus”, “capazes” ou “incapazes” e etc.
No primeiro capítulo intitulado “Inclusão Escolar: O que é?” a autora inicia com o subcapítulo “Crise de paradigmas” onde leva o autor a refletir sobre as concepções existentes na estrutura organizacional das escolas atualmente, e levando em conta essa estrutura, propõe uma mudança dos paradigmas atuais por pensamentos mais humanos em relação a educação, ou seja, uma educação que seja para todos, que valorize as diferenças, “A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviço, grades curriculares, burocracia. Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que a escola possa fluir, novamente, espalhando sua ação formadora por todos os que dela participam.”
No subcapítulo “Integração ou inclusão” a autora questiona sobre as formas de inclusão. Faz referencia as diferenças existentes entre integrar e incluir, o que está provocando muitas polêmicas na escola, principalmente e entre pais de alunos. “O uso do vocábulo “integração” refere-se mais especificamente à inserção de alunos com deficiência nas escolas comuns, mas seu emprego dá-se também para designar alunos agrupados em escolas especiais para pessoas com deficiência, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer ou residências para deficientes.” Portanto, a autora cita que nesta situação, nem todos os alunos com deficiência cabem nas turmas de ensino regular, pois muitos deles não conseguem acompanhar o processo de aprendizagem de forma homogênea como é o pensamento da escola atual.
Já a inclusão “...questiona não somente as políticas e a organização da educação especial e da regular, mas também o próprio conceito de integração. “ diferentemente da integração, a inclusão considera as necessidades de todos os alunos e se estrutura em função dessas necessidades. A autora menciona o caleidoscópio educacional, e o compara com a escola, quando menciona que no caleidoscópio ao faltar alguns pedaços o desenho se torna menos complexo, assim na escola as crianças se desenvolvem melhor em um ambiente rico e variado.
No capítulo “Inclusão Escolar: Por quê?” a autora cita alguns fatores que contribuem para que lutemos por uma escola inclusiva, são eles: a evasão escolar devido a marginalização dos alunos pelo seus insucessos, pelas constante privações e pela baixa auto-estima que são resultados da exclusão social e escolar a que são submetidos.
No subcapítulo “A questão da identidade X diferença” a autora questiona se as propostas da escola consideram as diferenças existentes entre os alunos, com deficiências ou não, “essas propostas reconhecem e valorizam como condição para que haja avanço, mudanças, desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação escolar?”, e cita que encontramos dimensões éticas conservadoras, que expressam-se pela tolerância e respeito ao outro, no entanto neste contexto a tolerância é vista como superioridade de quem tolera, e o respeito a diferença pode ser visto como se as diferenças fossem fixas e que portanto só resta respeitá-las. Nesse entendimento as deficiências são vistas como parte do indivíduo, sem possibilidades de evolução. A respeito a diferença, na escola inclusiva, significa compreender como o outro é, e não simplesmente aceitá-lo de forma pacífica como se nada pudéssemos fazer para provocar alguma mudança; “Então, como conclui Santos (1995), é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza.”
A maioria dos alunos das classes especiais é constituída pelos que não conseguem acompanhar as turmas regulares de ensino, esses alunos correm o risco de serem dados como Portadores de Necessidades Educativas Especiais (PNEE), pela falta de laudos periciais competentes, e de queixas escolares não fundamentadas é o assunto do subcapítulo “A questão legal”, onde a autora destaca a importância do acompanhamento dos pais e das autoridades competentes no momento do encaminhamento dos alunos às escolas e classes especiais. O controle efetivo dos motivos do encaminhamento o diagnóstico eficiente do aluno encaminhado é a base para que não haja preconceito com alunos que não possuem deficiência e para que realmente seja feita a inclusão de alunos que possuem alguma deficiência, acabando com a idéia de que a inclusão é somente a inserção de alunos que possuem deficiência no ensino regular.
A autora cita ainda vários artigos da Constituição Federal de 1988, além de fazer um contraponto com a LDBEN de 1996, que garantem o respeito a todo e qualquer cidadão, o direito a igualdade, o direito a educação onde o visa “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.”, e um dos princípios para o ensino “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206, Inciso I), entre outros artigos igualmente importantes para o entendimento de como a escola deve ser, para realmente atender às especificidades dos alunos com deficiências ou não. “Práticas escolares que contemplem as mais diversas necessidades dos estudantes, inclusive eventuais necessidades especiais, devem ser regra no ensino regular e nas demais modalidades de ensino (como a educação de jovens e adultos, a educação profissional), não se justificando a manutenção de um ensino especial, apartado.”
A menção de que os cursos de formação de professores devem sofrer modificações, afim de, tornar os profissionais da educação mais “abertos” as diferenças, é bastante pertinente, já que, sem uma ruptura com a concepção de ensino e de aprendizagem que encontramos nas escolas atualmente torna-se quase impossível que a escola venha a ser realmente inclusiva.
No subcapítulo “a questão das mudanças” é discutido as questões políticas que distanciam a escola das inovações e continuam mascarando a exclusão escolar, ou seja é preciso mudar as formas de planejar, de executar, de avaliar os processos educativos a fim de levarmos a sério nossas práticas pedagógicas e a organização escolar.
Ressaltar o que é típico de uma escola em que todas as crianças são bem-vindas, indiscriminadamente, é a intenção do capítulo “Inclusão Escolar: Como fazer?” neste capítulo a autora ressalta as condições que contribuem para que as escolas se tornem espaços verdadeiramente inclusivos. Não se trata de o aluno estar matriculado em uma escola, a escola deve contudo proporcionar ao alunos formas para que ele avance até o nível em que ele for capaz de atingir. É preciso que haja uma revolução no ensino para que a escola possa ser mais humana e mais democrática. A escola precisa inovar no sentido da “concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem muitas resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades.”
As redes de ensino público e privado devem observar a educação inclusiva sob três ângulos: “o dos desafios provocados por essa inovação; o das ações no sentido de efetivá-la nas turmas escolares. Incluindo o trabalho de formação de professores; e. finalmente, o das perspectivas que se abrem à educação escolar, a partir da implementação de projetos inclusivos.” Assim os educadores poderão observar que muitas das dificuldades dos alunos não são “falhas” deles e sim de um ensino que é ministrado apenas para poucos, não levando em conta que cada aluno aprende a sua maneira, e que as diferenças e dificuldades são existentes em todos os alunos e não somente naqueles que possuem deficiências.
É preciso mudar a escola, e para que isso seja possível é preciso que se enfrente as dificuldades, cujas tarefas fundamentais, segundo Mantoan são: - Recriar o modelo educativo escolar, tendo como eixo o ensino para todos. – Reorganizar pedagogicamente as escolas, abrindo espaços para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas, por professores, administradores, funcionários e alunos, porque são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania. – Garantir aos alunos tempo e liberdade para aprender; bem como um ensino que não segrega e que reprova a repetência. – Formar, aprimorar continuamente e valorizar o professor; para que tenha condições e estímulo para ensinar a turma toda, sem exclusões e exceções.
Partindo dessas tarefas a escola se reorganizará para receber a todos os alunos igualmente e com competências para universalizar o acesso desses alunos realizando o trabalho de escolarização de forma humana e democrática, respeitando as formas de aprender de cada aluno e valorizando seus conhecimentos pessoais relativos ao cotidiano. Os professores terão a oportunidade de rever suas práticas tornando-as inclusivas a medida que refletem sobre elas.
Finalmente a autora considera que sem uma mudança radical nos conceitos e nos paradigmas educacionais, não será possível que tenhamos uma escola realmente inclusiva. Portanto ao que tudo indica estamos caminhando para isso, com políticas públicas que viabilizam a inclusão, e ao que estamos observando em algumas experiências locais, em que a inclusão é possível. No entanto, assim como a autora, “penso que o futuro da escola inclusiva depende de uma expansão rápida dos projetos verdadeiramente imbuídos do compromisso de transformar a escola, para se adequar aos novos tempos.” E que, “a inclusão é um sonho possível.”
Resumo realizado por: Silvana Santos em Nov/2006

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